Fotos e Homilia Santa Missa – 97 Aniversário Dom Gilberto Pereira Lopes

Por João Costa | publicado em | Arquidiocese

“Tudo é graça Senhor na minha vida, tudo é graça!

Missa pelos 97 anos de Dom Gilberto Pereira Lopes, nosso Arcebispo Emérito.

Dom João Inácio Müller – Arcebispo Metropolitano

HOMILIA – CINZAS 2024
Reunimo-nos, hoje, para celebrar o Mistério Redentor. E, nesta Ação de Graças, agradecemos a Deus os 97 anos de vida de Sua Excelência Reverendíssima Dom Gilberto Pereira Lopes, nosso Bispo Emérito. Por meio de Dom Gilberto, Deus se mostra prodigioso em bênçãos para com nossa Igreja Arquidiocesana de Campinas. Todas as dádivas que Dom Gilberto tem recebido em sua vida, todas as graças que nossa Igreja, por seu intermédio, tem recebido, tudo saberemos depositar sobre o Altar. Tudo a Deus pertence, Ele, o Doador de todos os dons.

Com esta Santa Missa, iniciamos, com toda a Igreja, a Quaresma, tempo para preparar a celebração da Páscoa. A Quaresma é tempo privilegiado de conversão, de combate espiritual, de jejum medicinal e caritativo, mas é, sobretudo, tempo de escuta da Palavra de Deus, para crescermos em fraternidade.

Convertei-vos e crede no Evangelho! são palavras-chave deste dia. É convite de Jesus Cristo para nós. São palavras que ouviremos ao receber as cinzas, cujo significado é chamar-nos à realidade de nossa vida concreta: somos pó e ao pó tornaremos. Somos indagados: quais caminhos estou percorrendo? O que estou fazendo de minha vida? Como está meu relacionamento com Deus e com os irmãos?

No Evangelho, Jesus pede aos discípulos que evitem praticar as boas obras de misericórdia à vista dos outros, ou em troca de recompensa, ou ainda para a vanglória. O Pai que está oculto tudo sabe e tudo vê. Ninguém precisa ser deus de si mesmo. Somos recordados a praticar a justiça. Por isso, além de ensinar os modos de praticar a justiça, Jesus indica também a motivação principal, qual seja: buscar agradar a Deus e não os homens.

Com três “quando” somos orientados ao modo de viver a esmola, a oração e o jejum, que continuam sendo práticas importantes que nos ajudam a viver bem e melhor, e nos proporcionam bom relacionamento com os outros e com Deus. Somos convidados a exercitá-las, tomando o cuidado de evitar a hipocrisia, para sermos vistos e elogiados pelos outros. Somente Deus Pai deve ser testemunha das nossas ações. Por isso, o nosso agir deve ser no segredo, sem segundas intenções; é assim que demonstramos a nossa fidelidade ao Senhor. Que o período de Quaresma, que estamos iniciando, seja momento de conversão, penitência e caridade.

Iniciamos, também hoje, a Campanha da Fraternidade 2024. O convite é Refletir e aprofundar a necessidade de acolher o diferente. A cada ano, a CF aborda um problema que ameaça a fraternidade e clama por conversão. Num contexto generalizado de polarização, ódio, fake news e agressão, e em sintonia com a Carta Encíclica do Papa Francisco Fratelli Tutti (Todos irmãos), a CF 2024 tem como tema: “Fraternidade e amizade social” e como lema: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). Em meio a inimizades, exclusões, violência e injustiça, o desafio é cultivar a fraternidade entre as pessoas, entre os grupos, nas redes midiáticas digitais, nas igrejas, mas também na política e na economia, que devem estar a serviço do bem comum. Despertemos para a beleza da fraternidade humana aberta a todos, para além dos nossos gostos, afetos e preferências, em um caminho de verdadeira penitência e conversão.

A CF 2024 faz um “diagnóstico” da situação atual e indica o “remédio” para o tratamento de seus males. Por um lado, chama atenção para os sinais de inimizade em nossa sociedade, falando de uma espécie de “síndrome de Caim”, na qual, “não só não nos sentimos mais responsáveis uns pelos outros, como também […] desejamos que as pessoas que pensam diferentemente de nós desapareçam, isto é, sejam na prática exterminadas”. E apresenta como causa fundamental dessa situação o “hiper individualismo” que produz verdadeira “alterofobia”, isto é, medo, rejeição, aversão e vontade de eliminar quem é diferente de mim. Isso gera uma “cultura dos muros” e repercute também na todo do nosso viver.

Por outro lado, a CF 2024 fala da “amizade social” como “remédio” contra essa “pandemia sociocultural que clama por transformação e conversão à luz da fraternidade nascida do Evangelho”. A amizade social tem como pano de fundo a fraternidade, esse respeito, essa convivência harmônica na diferença, essa confiança que nós temos nas pessoas, esse espaço onde podemos dialogar, onde podemos dizer o que sentimos, podemos partilhar as nossas aflições. A amizade acolhe. A amizade reconcilia. A amizade sempre de novo fortalece e encaminha a vida.

Por isso e assim, a CF 2024 não é um problema social, mas uma solução. Só se pode curar a “síndrome de Caim” com “fraternidade e amizade social”. Isso é tarefa de todos: pessoas, Mídias, Igrejas, sociedade. E, em última instância, é obra do Espírito de Deus que nos faz irmãos e nos compromete na construção de uma sociedade mais justa, fraterna, solidária.


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