Nestes dias em que comemoramos os 20 anos do Congresso Eucarístico de Campinas, Pe José Arlindo de Nadai apresenta uma breve memória deste evento tão significativo.
14º. CEN – 20 anos
Exatamente nestes dias 19-22 de julho, estamos comemorando 20 anos do 14º. CEN, (Congresso Eucarístico Nacional) realizado em Campinas, na praça Arautos da Paz, construída para abrigar esse acontecimento religioso! (2001-2021).
Lembramo-nos da Mesa do altar, erguida e preparada de tal modo que pudesse ser vista de qualquer ponto da praça, e sobre a qual se consagraram o Pão e o Vinho, dados em comunhão sob as duas espécies.
Lembramo-nos da grande passarela que acolhia festivamente todos os concelebrantes: centenas de Bispos, Presbíteros e Diáconos, para as solenes Celebrações. Lembramo-nos, sobretudo, da Assembleia do Povo fiel a cantar piedosa e alegremente, junto com o coral de 300 vozes: “Venham, venham todos para a Ceia do Senhor!/Casa iluminada, mesa preparada com paz e amor/ Porta sempre aberta; Pai amigo, aguardando acolhedor.”/
O tema do Congresso, depois de 20 anos continua até hoje plenamente atual: Eucaristia: Fonte da Missão e Vida solidária.
Uma sociedade construída na fraternidade e amizade social, é o sonho do Papa Francisco, em sua carta encíclica – Fratelli tutti – Todos irmãos. Ora, a Eucaristia é o sinal profético dessa realidade.
Igualmente, Francisco desde o início de seu ministério, exorta-nos a sermos uma Igreja em saída… de portas abertas e acolhedora… Igreja, hospital de campanha, especialmente nas periferias geográficas e existenciais. É preciso ousar o Evangelho (EG).
Felizmente, as Comunidades Cristãs, depois de algum tempo de recolhimento, por conta da pandemia do coronavírus, estão aos poucos, com todo cuidado necessário, voltando a se reunirem em Assembleias para celebrar a Eucaristia. Esse Sacramento está no centro da vida eclesial; “graças à Eucaristia, a Igreja renasce sempre de novo.”
O Papa Bento XVI, em sua Exortação sobre a Eucaristia, remete-nos às Orações Eucarísticas, quando invocamos ao Pai para que faça descer o dom do Espírito Santo a fim de o pão e o vinho se tornarem o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, e para que a comunidade inteira se torne cada vez mais Corpo de Cristo. “Fazei de nós um só corpo e um só Espírito.” (SC.13).
A Igreja no Brasil, por sua vez recorda-nos também que “A comunidade eclesial tem na Eucaristia sua mesa por excelência: memorial da Páscoa do Senhor, Ceia fraterna, penhor da vida definitiva.” (DG AE,94). Bem como, ensina que a Eucaristia, juntamente com a Palavra, a Caridade e a Missão é um dos pilares de sustentação da Comunidade Cristã e precisa se nutrir do “Pão da vida” (Jo 6.35) que revigora para a caminhada rumo ao Reino definitivo.
A liturgia é o coração da comunidade. Ela aponta para o Mistério e, a partir deste, ao compromisso fraterno e missionário.
“É necessário promover uma liturgia, que não sucumba ao subjetivismo emotivo, nem tão pouco à frieza e rigidez rubricista e ritualística, mas que conduza os fiéis a mergulhar no Mistério de Deus, sem deixar o chão concreto da história de fora da oração comunitária”. (162).
Como é atual e oportuno esta orientação pastoral da Igreja no Brasil. Não bastasse isso, temos o recentíssimo “Motu proprio” do Papa Francisco (16/07/2021), que reafirma a importância eclesial e pastoral da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, cuja rejeição põe em risco a unidade da Igreja e ameaça a autoridade do próprio Concílio.
Ao recordar os 20 anos do 14º. CEN, seria tão bom e pastoralmente oportuno, sem nenhum saudosismo, voltar às fontes originárias Bíblicas, da Tradição, do Magistério e também à prática da pastoral litúrgica da Igreja no Brasil, em vista de uma Celebração Eucarística sempre mais consciente, participativa e espiritualmente frutuosa, que nos comprometa com a Missão e a Vida Solidária.
D. Gilberto Pereira Lopes, que teve a iniciativa da realização do CEN, continua a fazer ressoar o convite de Jesus: “Venham para a Ceia do Senhor!”
Pe. José Arlindo de Nadai
