Dom Joaquim Mamede da Silva Leite †
1º Bispo Auxiliar de Campinas - 1916 a 1947
Nasceu em Campinas, no dia 18 de agosto de 1876, no prédio da Rua Regente Feijó, nº 24, filho de Bento da Silva Leite e de Benta Monteiro de Carvalho Leite. Católicos fervorosos, seus pais eram assíduos participantes da Igreja e amigos íntimos do então vigário da paróquia, Padre João Nery. Bento da Silva Leite era fazendeiro em Rebouças, onde Joaquim Mamede começou seus estudos, na escola do professor Francisco Ladeira. Seus pais faleceram pela febre amarela que assolou Campinas em 1890. A mãe de Joaquim Mamede, sentindo próxima a morte, chamou o vigário de Santa Cruz, Padre João Batista Corrêa Nery, entregando seus filhos ao carinho e ao zelo do futuro Bispo de Campinas.
Dom Mamede era simples acólito da Paróquia de Santa Cruz e freqüentava as aulas do Colégio Ghilanda, na Rua Regente Feijó, nº 25. Na matrícula do Colégio Ghirlanda ele está com o sobrenome de família, Joaquim Monteiro da Silva Leite. Dessa data em diante foi que, pelo fato de haver nascido em dia de São Mamede, trocou o sobrenome Monteiro.
Dom João Nery, que o aceitara juntamente com seus irmãos Maximiano e Bentinho como filhos (o outro filho, Horácio Monteiro, vivia em companhia da avó), fez com que ele e Maximiano se internassem no Seminário Episcopal de São Paulo, assumindo as despesas do menino Mamede. Joaquim Monteiro de Carvalho e Silva assumiu as despesas de Maximiano. Ambos distinguiram-se pela aplicação e inteligência, aliados a um comportamento exemplar.
Dom Mamede, apenas filósofo, recebeu o cargo, só confiado aos teólogos, de Prefeito da Recreação dos Menores; Maximiano era tido como o aluno mais perspicaz daquela turma.
Em 1895, os dois irmãos receberam as ordens menores que lhes foram conferidas pelo Bispo de São Paulo, Dom Joaquim Arcoverde e, em seguida, como prêmio que lhes conferia a Diocese Paulista, foram enviados, juntamente com João Baptista de Siqueira e Theophilo de Athayde, para completarem seus estudos no Collegio Pio Latino Americano, de Roma. Em Roma, matricularam-se na Academia Gregoriana, onde Dom Mamede se licenciou e bacharelou em Filosofia, não tendo, como os outros, defendido tese porque Dom Nery chamou-o para o incardinar na Diocese do Espírito Santo.
Voltando ao Brasil em setembro de 1898, depois de alguns meses em viagem por diversos países da Europa, terminou seus estudos teológicos no Seminário da Penha, Diocese do Espírito Santo, recebendo das mãos de Dom João Nery, em novembro de 1899, as ordens canônicas de subdiaconato e diaconato e, em 24 de maio de 1900, recebeu a Ordenação Presbiteral, presidindo sua primeira Missa no dia 30 de junho de 1900, na Catedral de Vitória, ES.
Depois de ordenado, Dom Mamede foi nomeado Vigário de Vila Velha, recebeu o encargo de dirigir o Santuário da Penha e a Paróquia de Vila Velha, antiga capital do Espírito Santo.
Com a transferência de Dom Nery para Pouso Alegre, sul de Minas, em 1901, Dom Mamede o seguiu, como secretário particular do seu Bispo. Depois, foi nomeado Cura da Catedral e Presidente do Conselho Central do Apostolado da Oração da Diocese de Pouso Alegre. Em seguida, Dom Nery o nomeou Reitor do Gymnasio e Seminário Diocesanos. No dia 20 de maio de 1904, Dom Nery criou 20 Cônegos Honorários para o serviço da Catedral de Pouso Alegre, sendo Dom Mamede um dos escolhidos. Depois, em 1905, recebeu o título de Monsenhor, sendo nomeado Protonotário Apostólico, Camareiro Secreto e Prelado Doméstico do Papa. Em outubro de 1906 foi nomeado pró-vigário geral de Pouso Alegre e em 1909, já na administração de Dom Antônio Augusto de Assis, a de Vigário Geral de Pouso Alegre. Na reorganização do Cabido, em 01 de agosto de 1910, por determinação da Santa Sé, Monsenhor Mamede foi elevado à dignidade de Arcediago.
Acompanhado de seu irmão, Monsenhor Maximiano Leite, Dom Mamede viajou para a Europa em 1912 e, ao regressar foi incardinado na Diocese de Campinas, a seu pedido e por aceitação de Dom Nery, em novembro de 1912. Permanecendo Cônego Honorário do Cabido de Pouso Alegre, teve efetividade no de Campinas desde sua chegada. Juiz Pró-Sinodal e Examinador dos jovens sacerdotes, Dom Mamede foi nomeado Visitador Diocesano.
No dia 25 de junho de 1916 foi nomeado Bispo Auxiliar de Campinas e Bispo Titular de Sebaste de Laudicéia, na Frígia, Ásia Menor. No dia 31 de julho, na Capela do Palácio Episcopal, perante Dom João Nery, prestou os juramentos que antecedem a ordenação episcopal. Foram testemunhas o Dr. Heitor Penteado, Prefeito Municipal de Campinas, e o Sr. Jeronymo Freire. A ordenação Episcopal aconteceu no dia 13 de agosto de 1916, sendo sagrantes, Dom João Batista Corrêa Nery, Bispo de Campinas, Dom Francisco de Campos Barreto, Bispo de Pelotas e Dom Octavio Chagas de Miranda, Bispo de Pouso Alegre. Deve-se ressaltar a alegria do povo diocesano na época, pois os três Bispos sagrantes eram de Campinas. Seu lema Episcopal era
Omnia in caritate fiant – Tudo se faça na caridade.
Dois anos após sua sagração episcopal, Dom Mamede foi nomeado Bispo de Caratinga, MG, mas renunciou à nomeação por conta do frágil estado de saúde de Dom Nery, que veio a falecer em 1920. Após a morte de Dom Nery, Dom Mamede foi nomeado Vigário Capitular do Bispado até a nomeação de Dom Barreto como Bispo de Campinas. Nesta ocasião publicou a “Poliantéia”, em homenagem ao falecido Dom Nery. Em seguida, partiu para a Europa, onde permaneceu por um tempo.
Na sua volta para o Brasil, Dom Mamede foi transferido para a Arquidiocese do Rio de Janeiro, onde assumiu a Capelania da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, desenvolvendo um grande trabalho em favor dos mais desprotegidos da sociedade, principalmente os doentes, presos, crianças de rua e mendigos.
Em Campinas, Dom Mamede esteve presente no Primeiro Congresso Eucarístico Diocesano, em 05 de julho de 1942, e foi saudado junto a outros prelados pelo professor Miguel Homem Pinto de Carvalho pelo trabalho realizado na Diocese da cidade. Por isso, Dom Mamede faz parte da galeria dos Benfeitores e Amigos das Faculdades Campineiras, atual Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
Faleceu em Petrópolis no dia 22 de março de 1947, sendo sepultado no Cemitério de Catumbi da ordem do Carmo do Rio de Janeiro. Como expressão de gratidão e homenagem, seu corpo foi trasladado para Campinas e sepultado na Catedral Metropolitana.